terça-feira, 21 de junho de 2011

Atiraste uma pedra!




Em algum lugar, nessa grande estrada que é a vida, vamos encontrar as pedras que atiramos a esmo em algum momento que ficou para trás.
As pedras estarão lá, nos aguardando. Vamos ter que dar conta delas. E elas, com toda certeza, vão nos incomodar. Mas elas são nossas, fomos nós que as atiramos, devemos recolhê-las e dar um destino correto a elas.
Sabe a expressão: uma pedra no sapato? É bem por aí. No sapato, ou formando um galo na nossa testa, ou esfacelando nosso coração, não sei.
O que sei é que vamos ter que dar conta delas... Também, quem mandou jogá-las!
Podemos até parar a nossa caminhada por essa estrada. Mas nunca conseguiremos prosseguir sem toparmos com as pedras da nossa irresponsabilidade, do nosso desamor, da nossa indiferença, do nosso orgulho e egoísmo. Não há como ir adiante.
Talvez tenhamos que recolher todas as pedras e erigir um edifício. Talvez um templo sagrado, onde habite o amor, a paz, a compreensão, a solidariedade e a humildade.
Tudo aquilo que ainda não conseguimos construir dentro de nós. E que jamais construiremos se não nos dispusermos a arrancar as pedras do caminho, ainda que com isso machuquemos nossas mãos, pés e coração.
Quando tivermos concluído essa tão ingrata mas necessária tarefa, talvez  possamos voltar a caminhar.
E nessa nova etapa da nossa jornada, talvez troquemos as malfadadas pedras por flores.
Vamos atapetar o nosso caminho de belas e perfumadas e coloridas flores. Para iluminar nosso caminho e o daqueles que estiverem na retaguarda.
E à medida que formos por essa estrada florida, o caminho deixará de ser horizontal e a passará a vertical, e iniciaremos a conquista do nosso glorioso destino, onde poderemos caminhar lado a lado com os anjos.
Que assim seja!
(SUELI CURRIEL)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

A vida e o ser



Quanto mais o tempo passa mais eu me conscientizo da minha insignificância diante da profunda amplidão da vida e do universo.
Sinto-me algo menos que um grão de poeira... Um nada ao sabor do infinito.
E  nesses momentos fico pensando como nos apegamos a mesquinharias, como sofremos por tão pouco.
A vida seria muito mais saborosa e doce se nos lembrássemos sempre da nossa pequenez diante da grandiosidade dela.
Há quem diga que a existência é apenas um piscar de olhos na eternidade. Concordo plenamente.
Acredito que não deveríamos nos ater aos problemas insignificantes que tanto nos atormentam. Eles passarão, assim como a existência , muito rapidamente.
O que torna a vida produtiva é a busca incessante por tudo aquilo que nos torna melhores e ajuda a melhorar o mundo em que vivemos.
Há tanto o que se fazer, em tantas áreas, em tantos lugares, que não dá pra simplesmente cruzarmos os braços e alegar cansaço, ou falta de tempo, ou até mesmo desinteresse.
Pode até não parecer, mas um pequeno gesto de bondade que praticamos no dia-a-dia faz desse mundo um lugar melhor para se viver.
Plantar uma árvore vai ajudar a reduzir o  problema do aquecimento global.
Alimentar uma criança faminta, uma vez que seja, vai diminuir a fome no mundo.
Cultivar um sorriso vai contribuir  para trazer alegria à vida de todos.
São pequenos gestos, apenas singelas atitudes, que vai trazer um pouco de paz ao atual mundo tão sofrido.
Não são necessários gestos heróicos, nem aparecer na mídia. Basta apenas um pouco de boa-vontade.
Talvez você possa começar nesse mesmo instante, concedendo um olhar de ternura para alguém do seu lado, ou visitar seu vizinho doente, ou procurar aquele velho amigo pra dizer a ele o quanto você lhe quer bem.
Somente assim, agindo desse modo, conseguiremos nos tornar um pouco mais significativos diante de  tanta grandeza: a vida, o universo, Deus...
(SUELI CURRIEL)

quarta-feira, 1 de junho de 2011

VIAJANDO A VIDA

Estava ainda escuro quando embarquei no trem. Acomodei-me no melhor lugar, junto à janela, depois de ter ajeitado minha bagagem. Logo em seguida o trem se pôs em movimento, primeiro vagarosamente, para então, logo após, ganhar uma razoável velocidade.
Estava um tanto sonolenta, dei uma boa cochilada, e acordei com muita fome.
Lá fora o sol estava no zênite. Era outono e a paisagem estava esmaecida, a vegetação ressequida, a poeira se levantando do chão ao sabor do vento...
Olhei ao redor, para as pessoas presentes no vagão. Algumas simpáticas, outras completamente indiferentes, mas não conhecia nenhuma.
Resolvi  fixar o meu olhar do lado de fora, atenta aos menores detalhes, admirada das coisas novas que passavem velozmente diante dos meus olhos.
Árvores de formato estranho, animais que miravam curiosos o trem que passava, logo ali um lago de águas cristalinas, uma pontezinha sobre um riacho, um agrupamento de casas acolá, um cavalo pastando solitário...
O dia correu célere e eu aguardava, ansiosa, pelo meu destino final, quando poderia desembarcar.
O trem fez algumas paradas e alguns passageiros desceram, outros subiram e foram se acomodando em seus lugares.
E a viagem prosseguiu, e o tempo foi passando, passando...
Fui me acostumando com o lugar onde estava, com as pessoas, embora elas fossem se alternando à medida que o trem fazia suas paradas.
Nunca senti vontade de descer em nenhuma estação, nenhuma curiosidade de conhecer novos lugares e pessoas. Apenas olhava de longe, pela janela do vagão.
Os dias foram se sucedendo às noites, e estas davam lugar novamente aos dias, alguns ensolarados, outros nublados e tristes.
A viagem foi se arrastando penosamente, nunca chegava à estação em que eu desembarcaria. Sentia-me cansada, sem vigor, sem ânimo.
Comecei a me sentir mal, sem conseguir respirar. Assustei-me com o meu reflexo no vidro da janela. Estava com o rosto todo vincado, sem brilho, os cabelos totalmente brancos, as costas encurvadas, as mãos trêmulas...
Quando havia chegado a velhice, que eu nem havia reparado?
Onde gastara os meus anos, a minha juventude, as minhas forças?  Por que não aproveitara os melhores anos de minha vida para tentar conquistar boas coisas, realizar meus sonhos?
Por que havia desperdiçado minhas horas sem nada melhor do que fazer a não ser olhar a vida correr "lá fora"?
Agora estava completamente só, o vagão totalmente vazio...
O trem apitou uma última vez... Era a derradeira estação.
Ajeitei as poucas bagagens, dei uma olhada no vagão e desci.
O nome do lugar era Esperança... Fui caminhando lentamente, enquanto ao longe divisei o vulto de alguém se aproximando. Uma figura luminosa, toda vestida de branco, com um sorriso nos lábios e os braços estendidos: era minha mãe!
(SUELI CURRIEL)

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...