sexta-feira, 20 de abril de 2012

NAUFRÁGIO VOLUME 2



Caminhar sem rumo...
Escrever sem nexo.
Esgotar todas as minhas energias,
me exaurir,
tombar no meio fio...
Esvaziar as minhas angústias,
desacelerar meus pensamentos,
respirar o nada.
Palpitações, insônia,
olhar o nada...
Onde estou?
O que sou?
Pra onde vou?
O que me resta?
O que me cerca?
O que me espera?
Infinito, universo caótico,
oceano do esquecimento.
Vida, vida!
Estou me perdendo de ti...
Sou um náufrago buscando socorro...
S.O.S.!
Preciso de uma tábua de salvação,
braços gentis a me amparar,
olhos de maresia a me encarar.
Meu Deus, meu Deus,
cadê eu?
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ROGATIVA DE AMOR







Eu só te peço uma coisa: fique mais um pouco!
O suficiente pra dizer-te coisas que ainda não disse.
Palavras que ficaram presas na garganta,
sufocadas no coração.
Promessas que não fiz mas deveria ter feito,
promessas que fiz e não cumpri...
Apenas mais um momento, eu te imploro!
Quero dar-te os beijos que sempre tive vontade,
mas que por receio não consegui me atrever.
Deixe-me abraçar-te apertado pra você sentir todo o calor do meu desejo...
Quero entrelaçar nas tuas as minhas mãos frias.
Olhar-te nos olhos e pôr a descoberto meus mais recônditos segredos...
Falar-te da minha dor, dos meus anseios, meus receios, minha solidão...
Não te vás, espera um pouco mais.
Pretendo convencer-te a me querer em tua vida,
a anoitecer em meu leito
e  amanhecer em meus braços...
Braços, abraços, bem-querer...
Beijos, afagos, estremecer...
De amor, paixão, tresloucada ventura.
E pra sempre, infinitamente,
comigo viver essa loucura...
(SUELI CURRIEL)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ROMPENDO COM A DOR



Espera, esperança...
Não me deixes só com os meus tormentos...
Paz, pacifica as agruras do meu viver...
Estrela cadente, traz de volta o meu amor.
Coração, te aquieta em meu peito agitado,
Permita-me esquecer estes momentos
em que sofri amarguras mil...
Vida, quero esquecer os tons pálidos,
quero colorir-te em nuanças de arco-íris,
buscar no astro-rei o afago cálido
para aquecer minha alma fria.
Basta! Não quero mais viver assim.
Solidão, fica longe de mim!
(SUELI CURRIEL)



quarta-feira, 4 de abril de 2012

O CIÚME





...Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta...
.........................................................
Sobre toda estrada, sobre toda sala
paira monstruosa, a  sombra
do ciúme... (Caetano Veloso)



Quem nunca sentiu ciúmes?
Será que eu ouvi um não?
Ou será que todo mundo respondeu que sim?
Sim, com toda certeza.
O ciúme ainda faz parte da natureza humana.
É feio, é monstruoso, é egoísta, mas é humano.
Mas por que sentimos ciúmes?
Onde é que esse bichão nasce?
A resposta é clara e absurdamente lógica: ele nasce da nossa profunda ignorância das Leis da Vida.
Nós sentimos ciúme de alguém ou de algo porque achamos que esse alguém ou algo nos pertence.
Mas se conhecêssemos mais um pouco da vida saberíamos que nada nos pertence, nada é nosso.
Nem aquilo que aparentemente é nosso. 
Você tem uma casa, um carro, um amigo, um amor?
Não, absolutamente não.
Ninguém tem nada, ninguém possui nada.
As coisas estão conosco apenas por empréstimo, as pessoas estão em nossa vida apenas de passagem.
Elas vêm, elas vão...
E nada vai mudar isso, não podemos reter nada, não podemos deter ninguém.
É que adoramos o pronome possessivo meu e nosso.
Isso é meu, aquilo é meu, fulano é meu marido, fulana é minha namorada, está é a nossa casa, este é o nosso carro.
Quanta ilusão! Alguém, por favor, me aponte quem já conseguiu levar algumas dessas coisas ou pessoas quando deixou esse plano físico.
Claro, no tempo dos faraós, os tesouros eram levados pra dentro da câmara mortuária e até pessoas eram encerradas juntos com o morto.
Mas, muito tempo depois, eles foram encontrados do mesmo jeito. Estavam lá. Alguns tesouros os ladrões levaram, outros permaneceram durante centenas de anos até serem resgatados pelos arqueólogos.
Então, quanta tristeza devem ter sentido esses faraós ao chegarem do lado de lá e se descobrirem desnudos, pobres, miseráveis e solitários.
Tanta riqueza e tanto poderio, e tudo isso ficou pra trás...
Era deles? Pertencia a eles? Claro que não...
Da mesma maneira nós agimos em relação às pessoas presentes em nossa vida. Queremos possui-las, tomá-las de si, algemá-las e constrangê-las à nossa presença.
Mas elas são livres para decidirem se querem ficar ou se querem ir embora.
Portanto, o ciúme, embora natural na nossa faixa evolutiva, nada tem a nos acrescentar, antes nos toma: o sossego, a paz, os sentimentos mais belos e mais nobres, que são a amizade e o amor.
O ciúme constrange, restringe, pune, acicata, revolta.
Ao invés, devemos amar e deixar o outro livre.
O amor liberta, dulcifica, plenifica, une.
Deixemos aqueles que comungam da nossa vida em liberdade total, isso os manterá ao nosso lado, porque se sentirão à vontade.
Somente o amor cria laços verdadeiros, mas o ciúme cria prisões.
E quem é que gosta de se sentir prisioneiro, ainda que seja uma cela dourada?
Abram as cadeias, as portas, os cadeados, e joguem as chaves fora.
Quem tiver que ficar em nossa vida, vai ficar pelo único motivo que realmente importa: o amor.
(SUELI CURRIEL)








segunda-feira, 2 de abril de 2012

A DOR COMO FORMA DE EVOLUÇÃO




Tenho pensado muito no mecanismo da dor como forma de evolução.
Muitos consideram injusto termos que recorrer à dor para progredirmos.
Mas,  qual  outro caminho? O amor? Será que o homem está pronto pra se entregar a este aprendizado, de forma consciente?
Eu, sinceramente, acredito que não. O homem se encontra ainda muito longe de aprender de boa vontade o que de uma maneira geral só aprende através do sofrimento.
A dor é uma mestra muito severa mas também muito eficiente.
Quem é que gosta de sofrer muitas e muitas vezes o mesmo tipo de suplício? Acho que ninguém,  não é?
E quando passamos por certas dificuldades e penamos muito, aquilo de tal forma fica gravado em nossa alma, nossa memória, que evitaremos repetir os passos que nos conduziram àquela situação.
Entretanto, muitos repetem, sim, estes passos e erram diversas vezes, sofrem muitas vezes, até que a dor, chegando a um extremo insuportável, ensina o bom caminho ao transgressor.
Não podemos nos esquecer também que há  muitos que se comprazem no sofrimento, talvez como forma de se auto punirem e expungirem suas culpas reprimidas. Mas, mesmo neste caso, a dor funciona como uma alavanca para a mudança dos quadros íntimos, uma cura para o mal interior.
Seria maravilhoso se a dor não existisse, se usássemos apenas o raciocínio para evitar situações desagradáveis e que ocasionem constrangimento.
Mas eu creio que, ao sentirmos uma dor, saberemos de uma maneira muito mais enfática que aquilo não nos faz bem e que devemos evitá-la.
É uma forma bastante eficaz de aprendizado. Uma lição que com certeza não nos esqueceremos jamais, e que ficará impressa de maneira indelével nos nossos arquivos conscientes e inconscientes.
Até que, por fim, chegados a um estágio superior de evolução, possamos agir apenas através de nossas escolhas pessoais, sem recorrer ao agravo do sofrimento e da dor.
Pode ser que esse dia esteja longe, mas ainda chegaremos lá. Com certeza!
(SUELI CURRIEL)

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