quarta-feira, 4 de abril de 2012

O CIÚME





...Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta...
.........................................................
Sobre toda estrada, sobre toda sala
paira monstruosa, a  sombra
do ciúme... (Caetano Veloso)



Quem nunca sentiu ciúmes?
Será que eu ouvi um não?
Ou será que todo mundo respondeu que sim?
Sim, com toda certeza.
O ciúme ainda faz parte da natureza humana.
É feio, é monstruoso, é egoísta, mas é humano.
Mas por que sentimos ciúmes?
Onde é que esse bichão nasce?
A resposta é clara e absurdamente lógica: ele nasce da nossa profunda ignorância das Leis da Vida.
Nós sentimos ciúme de alguém ou de algo porque achamos que esse alguém ou algo nos pertence.
Mas se conhecêssemos mais um pouco da vida saberíamos que nada nos pertence, nada é nosso.
Nem aquilo que aparentemente é nosso. 
Você tem uma casa, um carro, um amigo, um amor?
Não, absolutamente não.
Ninguém tem nada, ninguém possui nada.
As coisas estão conosco apenas por empréstimo, as pessoas estão em nossa vida apenas de passagem.
Elas vêm, elas vão...
E nada vai mudar isso, não podemos reter nada, não podemos deter ninguém.
É que adoramos o pronome possessivo meu e nosso.
Isso é meu, aquilo é meu, fulano é meu marido, fulana é minha namorada, está é a nossa casa, este é o nosso carro.
Quanta ilusão! Alguém, por favor, me aponte quem já conseguiu levar algumas dessas coisas ou pessoas quando deixou esse plano físico.
Claro, no tempo dos faraós, os tesouros eram levados pra dentro da câmara mortuária e até pessoas eram encerradas juntos com o morto.
Mas, muito tempo depois, eles foram encontrados do mesmo jeito. Estavam lá. Alguns tesouros os ladrões levaram, outros permaneceram durante centenas de anos até serem resgatados pelos arqueólogos.
Então, quanta tristeza devem ter sentido esses faraós ao chegarem do lado de lá e se descobrirem desnudos, pobres, miseráveis e solitários.
Tanta riqueza e tanto poderio, e tudo isso ficou pra trás...
Era deles? Pertencia a eles? Claro que não...
Da mesma maneira nós agimos em relação às pessoas presentes em nossa vida. Queremos possui-las, tomá-las de si, algemá-las e constrangê-las à nossa presença.
Mas elas são livres para decidirem se querem ficar ou se querem ir embora.
Portanto, o ciúme, embora natural na nossa faixa evolutiva, nada tem a nos acrescentar, antes nos toma: o sossego, a paz, os sentimentos mais belos e mais nobres, que são a amizade e o amor.
O ciúme constrange, restringe, pune, acicata, revolta.
Ao invés, devemos amar e deixar o outro livre.
O amor liberta, dulcifica, plenifica, une.
Deixemos aqueles que comungam da nossa vida em liberdade total, isso os manterá ao nosso lado, porque se sentirão à vontade.
Somente o amor cria laços verdadeiros, mas o ciúme cria prisões.
E quem é que gosta de se sentir prisioneiro, ainda que seja uma cela dourada?
Abram as cadeias, as portas, os cadeados, e joguem as chaves fora.
Quem tiver que ficar em nossa vida, vai ficar pelo único motivo que realmente importa: o amor.
(SUELI CURRIEL)








Um comentário:

  1. Ciúme,temos por ilusãoachar que amar muito alguem nos permite sentir tal sensação. A colocação de deixar portas abertas é um fato... Pena que nunca nos acostumamos a ele!!!!

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