sexta-feira, 17 de agosto de 2012

ABANDONO



E o barco se afastou deixando um rastro de espuma.
A praia ficou deserta. Apenas eu e o vento. 
E a saudade... E as lágrimas... E a dor.
Dor de ter te perdido, de ter sido abandonada, deixada ao léu.
Visões de um passado nada remoto povoaram minha mente.
Lembranças doces, agora pontilhadas pela amargura da solidão.
Uma pequena casa, com cercas brancas, um jardim sempre florido, as cortinas balançadas pela brisa da tarde.
Como fomos felizes ali, você e eu, longe de tudo e de todos.
O nosso amor era tudo o que mais importava.
E vivenciamos intensamente cada dia, cada hora, cada minuto.
Apenas tentando fazer a outra feliz.
Pequenos mimos, flores colhidas e colocadas num vaso sobre a mesa do café...
Frutas da estação partilhadas embaixo da sombra do pomar generoso.
Quantos banhos de chuva e de cachoeira...
A rede estendida na varanda, nós duas, abraçadinhas, contando as estrelas...
As conversas até altas horas, em nossa cama, depois de nos termos saciado na volúpia do prazer.
Que bons tempos! Agora apenas tenho como companhia o grito áspero do vento e o som monótono das ondas se quebrando na praia.
Você se foi... A nossa historia terminou.
Nunca mais poderei nos teus mergulhar os meus olhos.
Nunca mais nossas bocas se encontrarão.
Nunca mais sentirei o bater do teu coração sob a minha mão.
Nem teu corpo se aconchegará ao meu nas noites longas de inverno.
Por que, meu Deus, tudo tinha que acabar assim?
Então não era amor verdadeiro?
Era apenas uma ilusão passageira?
Por que fui me enganar tanto assim?
Permita-me, Deus do amor, a esquecer aquela que tocou o meu coração de uma maneira que ninguém mais o fez.
E que venham novos amores habitar o meu coração.
Porque a solidão não é uma boa companheira e o amor corre-me célere nas veias.
Que eu possa lançar minha âncora no cais seguro da afeição e do companheirismo.
Amém!
(SUELI CURRIEL)









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