sexta-feira, 17 de agosto de 2012

ABANDONO



E o barco se afastou deixando um rastro de espuma.
A praia ficou deserta. Apenas eu e o vento. 
E a saudade... E as lágrimas... E a dor.
Dor de ter te perdido, de ter sido abandonada, deixada ao léu.
Visões de um passado nada remoto povoaram minha mente.
Lembranças doces, agora pontilhadas pela amargura da solidão.
Uma pequena casa, com cercas brancas, um jardim sempre florido, as cortinas balançadas pela brisa da tarde.
Como fomos felizes ali, você e eu, longe de tudo e de todos.
O nosso amor era tudo o que mais importava.
E vivenciamos intensamente cada dia, cada hora, cada minuto.
Apenas tentando fazer a outra feliz.
Pequenos mimos, flores colhidas e colocadas num vaso sobre a mesa do café...
Frutas da estação partilhadas embaixo da sombra do pomar generoso.
Quantos banhos de chuva e de cachoeira...
A rede estendida na varanda, nós duas, abraçadinhas, contando as estrelas...
As conversas até altas horas, em nossa cama, depois de nos termos saciado na volúpia do prazer.
Que bons tempos! Agora apenas tenho como companhia o grito áspero do vento e o som monótono das ondas se quebrando na praia.
Você se foi... A nossa historia terminou.
Nunca mais poderei nos teus mergulhar os meus olhos.
Nunca mais nossas bocas se encontrarão.
Nunca mais sentirei o bater do teu coração sob a minha mão.
Nem teu corpo se aconchegará ao meu nas noites longas de inverno.
Por que, meu Deus, tudo tinha que acabar assim?
Então não era amor verdadeiro?
Era apenas uma ilusão passageira?
Por que fui me enganar tanto assim?
Permita-me, Deus do amor, a esquecer aquela que tocou o meu coração de uma maneira que ninguém mais o fez.
E que venham novos amores habitar o meu coração.
Porque a solidão não é uma boa companheira e o amor corre-me célere nas veias.
Que eu possa lançar minha âncora no cais seguro da afeição e do companheirismo.
Amém!
(SUELI CURRIEL)









quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PACIFICANDO A DOR



Na contramão do destino: superação!
Navegar em mares incertos e indóceis.
Mergulhar no abismo colossal da paixão,
sem temor, o fogo líquido correndo avassalador nas artérias...
Busco-te nas entranhas da minha dor,
encontro-te ali, encolhida e impávida
a fitar o vazio desmesurado do abandono.
Recolho-te em meu abraço enternecido.
Afasto um fiapo de cabelo do teu rosto
e procuro os teus olhos desvairados.
Sugo-te a boca num beijo sôfrego.
Línguas ávidas a se torturarem numa batalha sem vencidos ou vencedores.
Você ouve as batidas ritmadas do meu coração:
"Amo-te! Amo-te! Amo-te!"
E nessa cadência melodiosa você encontra o bálsamo para as feridas ainda sangrando.
Ficamos ali, pacificadas e serenas... Sonhando com um radioso amanhecer que pouco falta para acontecer.
Por enquanto é noite... Mas há um esplendoroso luar e o céu aveludado está coalhado de estrelas brilhantes.
Aguardemos, minha amada, o dia tão esperado.
Ele virá nos encontrar abraçadas  e confiantes.
O amor supera tudo, sempre.
Eu te amo!
(SUELI CURRIEL)



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

PROJETOS DE AMOR



Não te afaste de mim! Não vê que te amo?
Não percebe que foi tudo uma miragem, uma ilusão?
Que você é o meu ancoradouro, o meu porto seguro?
Que preciso da tua mão firme e do teu abraço apertado?
Não gosto de te causar dor, sofrimento.
Quero apenas te fazer feliz, te dar todo o amor que mora dentro da minha alma.
Esse amor que você acordou depois de tanto tempo de solidão e abandono.
Quero trilhar um longo caminho com você, de mãos dadas e olhos postos no infinito.
Amada minha, o nosso amor estava escrito nas estrelas longínquas da imensidão do universo.
Ficaremos juntas embora as forças contrárias que insistem em nos separar.
Seremos mais fortes e nos desvencilharemos de todos os obstáculos.
O futuro nos aguarda, radioso e feliz.
Quero acordar em cada manhã e espiar o teu sono, despertar-te com um beijo doce e cálido.
Quero tomar banho de chuva com você.
Quero ver o pôr do sol com você ao meu lado.
Quero observar uma noite de luar com a cabeça repousada no teu ombro.
Quero contar as estrelas e fazer muitos pedidos para as estrelas cadentes que passarem diante de nossos maravilhados olhos.
Quero plantar um jardim a quatro mãos, cultivar rosas e orquídeas, nos embriagar com o perfume e beleza das flores.
Vida simples, vida plena. Sem complicações. Apenas eu e você. E o nosso amor.
Para sempre...
Eu te amo!
(SUELI CURRIEL)

terça-feira, 31 de julho de 2012

ANTÍDOTO PARA A DOR



Dentro  de mim tudo é dor...
Tenazes em fogo rasgam o meu coração.
Hoje o desconsolo visitou minha alma.
Trouxe um pouco mais de amargura
a quem já vivia transtornada.
Respiro lentamente... Falta-me o ar.
Quero arrebentar as grades que aprisionam meu ser.
Quero sair para a rua, sentir o sol na minha pele.
Olhar as pessoas descuidadas da própria vida.
Sorrir para as crianças, afagar os cães perdidos.
Quero parar em uma praça, sentar-me em um banco,
cerrar os olhos e deixar as lágrimas caírem,
livres e abundantes.
Quero um bálsamo para esse sofrimento sem fim...
Como faço para encontrá-lo?
Talvez se procurasse em um bosque...
Ou no fundo de um rio...
Ou talvez quem sabe a chuva primaveril me viesse
trazer um alívio refrescante para o meu mal.
Mas eu acredito que é você quem me confortará.
Você com o seu olhar doce e terno.
Você com a sua voz mansa e serena.
Você com o abraço aconchegante e quente.
Você com o beijo apaixonado e arrebatador.
Arrebata a dor, arrebata a minha dor!
Vem, meu amor!
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 30 de julho de 2012

ENCONTRANDO A PAZ



O dia foi um tanto estranho hoje.
Senti-me como se pulando de um "bungee jump".
Passei do choro desconsolado à risada histérica.
De uma crise depressiva a um surto de euforia.
Passei do inferno ao paraíso, das areias escaldantes do Saara às eternas neves do polo sul.
Perdi a razão, passei longe da normalidade.
Mas passou. Sempre passa.
Reencontrei o fio do equilíbrio, restaurei a sensatez.
A noite veio e me encontrou serena. Olhos límpidos, coração batendo sossegado no peito.
Até mesmo um meio sorriso bailando nos lábios.
Lá fora a brisa corre fresca e livre, trazendo cheiros doces e suaves.
Nossas mãos se encontram, se entrelaçam...
Encosto a cabeça no teu ombro e busco a tua boca.
Um beijo sela a nossa paz.
Mais uma vez o amor venceu!
(SUELI CURRIEL)

DOR



Encontro-me perdida em um estrada solitária...
Há desvios, desvãos, fim do caminho, negação.
Flores atiradas a esmo, o perfume evolando-se sob o sol a pino.
Eu não sei se vou, se fico, se tomo um atalho,
se me atiro em um precipício de cruéis sacrifícios.
O vento passa gritando teu nome, o corpo fica todo arrepiado,
o coração dá um salto mortal nesse peito que nem é mais meu...
As dúvidas dilaceram a minha alma, já tomada de angústia.
Pra que prosseguir, se eu sei bem onde isso vai dar?
E se fico, sei bem tudo o que irei amargar.
De uma maneira ou outra o sofrimento está lá, me aguardando.
Um sorriso mordaz nos lábios envenenados pela concupiscência.
Vou-me entregar a ele, sem reservas, de cabeça baixa...
Que ele venha e me ensine a dor sem limites.
Até que um dia eu encontre a paz... Para sempre!
(SUELI CURRIEL)


sexta-feira, 20 de julho de 2012

AMOR... O FIM.



Fico a pensar e o pensamento voa pelas lonjuras desta noite.
O coração palpita descompassado, querendo extravasar do meu peito.
A noite é enluarada, de sabores e cheiros tropicais.
Ouço passos lá fora, talvez sejam os teus...
Chego à janela, o rosto comprimido na vidraça.
Não vejo nada. Apenas o silêncio agarrando tudo com suas tenazes frias.
A esperança se cala.
Uma lágrima rola...
Você não virá.
Ficarei apenas eu dentro da quietude noturna.
Sem teu braço, sem teu abraço.
Sem a cadência do teu riso, sem o brilho do teu olhar...
Onde o beijo unindo nossas bocas famintas?
Onde o passeio de mãos dadas sob o luar?
Que amarga desilusão! Que rouba a magia dessa noite, povoada de encantos mil...
Acredito que não amanhecerá... Não para nós.
Tudo se findou nesse desencontro desencanto.
Desfaço-me em soluços calados...
Volto a ouvir  passos. Passos esparsos ecoando na noite.
Quem vem ou quem vai?
É o amor, dizendo adeus para sempre.
É a tristeza,chegando para ficar...
Mais uma lágrima cai...
O leito me aguarda. Vou sonhar.
E talvez, nunca mais acordar...
(SUELI CURRIEL)


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Adeus...



Fiquei sem entender... Quando dei por mim você já tinha partido!
Meus olhos tentaram reter a tua figura, mas em vão. Passo a passo você se foi...
E em minha alma só ficaram resquícios de um amor que não deu certo.
Muitas lágrimas, muito lamento. A saudade me consumia por inteiro.
Noite após noite, dia após dia, eu te esperava e você não vinha.
A brisa noturna me trazia o teu cheiro. Cheiro de cabelos recém-lavados...
A lua minguando me lembrava o teu sorriso...
Eu ouvia a tua risada sem perceber que era apenas a orquestra noturna dos pássaros e insetos.
Meu mundo encolheu sem você. Melancolia e tristeza deram o tom aos meus dias.
Onde foi que eu errei? Por que você se foi?
Que amor era esse que se desmanchou no ar, feito bolha de sabão?
Onde as promessas sussurradas entre beijos e carícias?
E a terna troca de olhares, as mãos se procurando enquanto caminhávamos sob o luar?
Em que momento da nossa historia nos perdemos uma da outra?
Não consigo compreender...
E você nem me deu uma chance de me explicar, de te questionar.
Acabou assim... Sem delongas, sem sequer um prévio aviso.
Agora eu tenho que caminhar sozinha, sem a tua presença, o teu amparo.
Porque você não vai mais voltar para mim. Pois fiquei sabendo que você encontrou um novo amor...
Então apenas me resta conformar-me com a situação e me alimentar das lembranças, que são tantas...
Lembranças de um amor que por tanto tempo me plenificou.
Mas que, talvez por descuido meu, se acabou...
(SUELI CURRIEL)



domingo, 1 de julho de 2012

DE MÃOS DADAS COM A SOLIDÃO



A noite estava linda... A lua se agigantando, quase plena em seu esplendor.
Soprava uma brisa fresca, agradável. Uma noite propícia para caminhar.
E eu fui, mas não estava sozinha. Fez-me companhia uma doce e querida amiga, que há muito eu não via.
Somos muito íntimas, muito ligadas. Andamos de mãos dadas, compartilhando olhares e trocando confidências.
Ela me conhece a fundo e teceu algumas considerações a meu respeito que, não fosse a amiga que é, provavelmente eu ficaria enraivecida.
Porque a gente sabe, a verdade dói  muito. E custa-nos a enxergá-la quando se trata da nossa própria verdade.
Mas eu acatei os seus comentários e meditei longamente sobre eles.
E cheguei a algumas conclusões bastante interessantes a meu respeito. Mas essas considerações são muito particulares e eu não vou divulgá-las, para o meu próprio e o bem alheio.
Mas o que eu queria deixar registrado aqui, é que, quando silenciamos o nosso caos interno, conseguimos nos ver tal qual somos, sem máscaras, sem artifícios.
O barulho do mundo nos impede de nos adentrarmos, de nos conhecermos a fundo.
Então foi necessário que essa bela amiga, que se chama Solidão, se aproximasse de mim e me permitisse essa viagem interior.
Solidão, ah, quanto tempo eu não te permitia em minha vida. Fez-me falta, embora tenha estado muito feliz nos últimos tempos.
Prometo-te não me afastar tão longamente de ti, terna amiga.
Porque eu sei que a tua presença é-me muito necessária em alguns momentos.
E ontem foi um desses momentos, e eu te agradeço por isso.
Até algum dia!
(SUELI CURRIEL)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

DOCE INVERNO...



O inverno chegou... Mas num país tropical como o nosso é até estranho falar de inverno.
Mas ele está aí, eu o sinto olhando pela janela e vendo o céu de um azul mais carregado, a minha pele sente o ar mais frio.
As manhãs são frias. Com o decorrer das horas o calor aumenta, e à medida que o sol declina, volta a esfriar. Um pouco, apenas um pouquinho.
Mas eu gosto. É uma deliciosa estação! Depois de passar calor o ano inteiro, um friozinho é sempre bem vindo.
Acho que eu deveria ter nascido num país nórdico, onde a estação fria é mais prolongada. Adoraria esquiar na neve, namorar perto de uma lareira, tomar chocolate quente todos os dias.
Claro que teria os inconvenientes, como ter que sair da cama quentinha e enfrentar os rigores do clima frio. Haveria tempestades de neve, não poderia sair de casa, ficaria ilhada num mundo de neve e gelo.
Teria que redobrar os cuidados com a pele e a alimentação.
Mas, enfim, ia amar mesmo tudo isso!
Mas, claro, isso é só um desejo. Vou ficando por aqui mesmo, nesse calor infernal. E de vez em quando um friozinho de nada para amenizar.
Por isso eu celebro mesmo essa estação, muito vento na cara, deixando a pele se arrepiar ao contato da brisa fria.
O único calor que eu suporto com prazer é o calor do beijo da minha amada. Esse não é frio de jeito nenhum e eu também adoro!
Mas quem poderia dizer que estou errada?
(SUELI CURRIEL)

sábado, 16 de junho de 2012

AMOR E PAZ



Acordei e o sol estava lá fora, brilhando opaco, através de densas nuvens.
Talvez chova, talvez faça frio. Ainda não sei. O tempo é muito imprevisível.
Assim como eu...
Hoje amanheci serena, tranquila e em paz comigo mesma e com o mundo.
Mas daqui a pouco não sei. Posso ficar melancólica, irada ou completamente doida.
Deve ser mal de quem carrega muita água no mapa astral. Peixes com ascendente em peixes.
É, deve ser isso.
Mas em todo caso, seja qual for o meu estado de espírito, existe um elemento pacificador, diante do qual eu fico absolutamente sossegada.
Você.
Você consegue me deixar em harmonia comigo mesma.
Apenas você, teu sorriso, tua voz suave, teu toque macio, teu beijo "caliente".
E o sol volta a brilhar! E a vida fica mais risonha! E o mundo um lugar melhor pra viver.
Amo muito você!
(SUELI CURRIEL)

domingo, 10 de junho de 2012

INDAGAÇÕES ÍNTIMAS




Estou  perdida dentro dos meus pensamentos.
Longe de você, dos teus olhos, do teu abraço.
Sinto-me só e desamparada.
Penso que a luz está apagada, mas é apenas impressão.
É somente minha alma que se eclipsou da tua presença.
Quando será? E esse dia que nunca chega?
Será que um dia vai chegar mesmo?
Ou isso é apenas uma ilusão?
Penso, às vezes, que sim.
Que tudo não passa de um sonho.
Um sonho que construímos juntas, mas que acordaremos e nada daquilo será real.
Não quero me perder de você.
Você é a minha âncora, sem a qual eu fico à deriva.
Você me resgatou da minha solidão, trouxe uma lufada de ar fresco na minha vida insossa.
Você ensolarou meus dias frios e angustiantes.
Trouxe cor nas minhas paisagens cinzentas.
Pegou-me pela mão, me mostrou um mundo que eu nem imaginava.
Deu-me a conhecer o céu e as estrelas, constelações e nebulosas.
Indicou-me um caminho atapetado de flores perfumadas.
Juntas construímos castelos de areia e ríamos quando a onda os desmanchava.
Aprendi com você a amar a natureza, os animais e as crianças.
Com você consegui superar meus receios e dúvidas.
Agora eu te sinto distante, como se os nossos laços estivessem se rompendo.
E a dor vem visitar meu coração, trazendo inquietação e desassossego.
Quando nos teremos apenas para nós mesmas?
Sem impedimentos, sem empeços, sem nada entre nós?
Apenas o bater contínuo e ritmado de nossos corações.
Apenas o som da nossa respiração.
Apenas o murmurar do nosso beijo.
Apenas o calor dos nossos corpos.
Apenas eu e você.
E o amor.
(SUELI CURRIEL)


domingo, 27 de maio de 2012

DESILUSÃO






Desilusão, desilusão, danço eu,dança você, na dança da solidão... (Marisa Monte)

Enfim te encontro, ou reencontro, ou te confronto...
Mas então aí está você... Talvez tão perdida quanto eu...
Você se cala, eu emudeço. Palavras são desnecessárias.
Entre nós apenas o desejo se fazendo presente, inconsequente...
Tudo o mais em volta é um eco de antigos amores vibrando
nas paredes sólidas (sólidas?) deste castelo de ilusão.
O vento, desalento,  perpassa pelas frestas da nossa indecisão.
Por onde seguir? Qual caminho tomar?
Olhares cabisbaixos, as mãos trêmulas,
o coração batendo na garganta.
A declaração de amor abortada na boca seca...
Pra que falar se o que mais quero é te beijar?
Então você entenderia todos os meus silêncios,
todas as minhas fugas para lugar algum.
Finalmente perceberia meu medo de transpor o abismo
que há entre nós.
Abismo fatal, colossal, mortal...
Lá embaixo jazem outros corpos, outras almas,
perdidas para sempre no turbilhão dos enganos.
Então sinto você também temerosa, não querendo correr o risco
de resvalar para o eterno nada...
E você não vem, não dá o passo decisivo.
E eu choro, as lágrimas abundantes escapam dos meus olhos febris.
E o beijo não sela as promessas que não foram ditas.
E o amor simplesmente se rompe como uma bolha de sabão.
Perdido, vencido, para sempre esquecido...
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

À TUA PROCURA...



Hoje eu senti a tua ausência de uma maneira dolorosa...
Um vazio imenso, que nada conseguiu preencher.
Era como se, protagonista de uma peça de teatro, a casa lotada, eu só conseguisse visualizar o teu lugar vazio na plateia...
Busquei-te nos escaninhos da mente e você estava lá, etérea e imponderável...
Procurei-te nas ondas do rádio e consegui sintonizar uma canção que você ama.
Passei nas bancas de jornal e você estava estampada em uma revista de moda, o sorriso rasgado, o olhar travesso...
Pedi ao vento notícias tuas e ele me concedeu apenas o aroma delicado dos teus cabelos.
Tive um vislumbre de você parada numa esquina, esperando o sinal abrir, mas assim que me aproximei, você desapareceu entre os carros...
Consegui ouvir tua risada ao passar por uma praça, mas apenas crianças brincavam na sua inocência.
Não consegui te encontrar, apesar da busca incansável.
Onde você estava? Por que fugiu de mim?
Não percebe que eu preciso muito da tua presença?
Não entende que a tua ausência me machuca?
Que eu preciso te saber ali, ao alcance dos meus olhos e do meu amor?
Por favor, fique, eu te peço!
Não desapareça da minha vida, não me deixe à deriva nesse mar de angústia.
Quero ter a deliciosa sensação do coração palpitando quando te percebo ao meu lado.
Venha iluminar minha vida, aquecer a minha solidão, dar um sentido aos meus dias.
Venha, eu te espero, de braços abertos e o peito transbordando de amor... Eu te amo!
(SUELI CURRIEL)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

NAUFRÁGIO VOLUME 2



Caminhar sem rumo...
Escrever sem nexo.
Esgotar todas as minhas energias,
me exaurir,
tombar no meio fio...
Esvaziar as minhas angústias,
desacelerar meus pensamentos,
respirar o nada.
Palpitações, insônia,
olhar o nada...
Onde estou?
O que sou?
Pra onde vou?
O que me resta?
O que me cerca?
O que me espera?
Infinito, universo caótico,
oceano do esquecimento.
Vida, vida!
Estou me perdendo de ti...
Sou um náufrago buscando socorro...
S.O.S.!
Preciso de uma tábua de salvação,
braços gentis a me amparar,
olhos de maresia a me encarar.
Meu Deus, meu Deus,
cadê eu?
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ROGATIVA DE AMOR







Eu só te peço uma coisa: fique mais um pouco!
O suficiente pra dizer-te coisas que ainda não disse.
Palavras que ficaram presas na garganta,
sufocadas no coração.
Promessas que não fiz mas deveria ter feito,
promessas que fiz e não cumpri...
Apenas mais um momento, eu te imploro!
Quero dar-te os beijos que sempre tive vontade,
mas que por receio não consegui me atrever.
Deixe-me abraçar-te apertado pra você sentir todo o calor do meu desejo...
Quero entrelaçar nas tuas as minhas mãos frias.
Olhar-te nos olhos e pôr a descoberto meus mais recônditos segredos...
Falar-te da minha dor, dos meus anseios, meus receios, minha solidão...
Não te vás, espera um pouco mais.
Pretendo convencer-te a me querer em tua vida,
a anoitecer em meu leito
e  amanhecer em meus braços...
Braços, abraços, bem-querer...
Beijos, afagos, estremecer...
De amor, paixão, tresloucada ventura.
E pra sempre, infinitamente,
comigo viver essa loucura...
(SUELI CURRIEL)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ROMPENDO COM A DOR



Espera, esperança...
Não me deixes só com os meus tormentos...
Paz, pacifica as agruras do meu viver...
Estrela cadente, traz de volta o meu amor.
Coração, te aquieta em meu peito agitado,
Permita-me esquecer estes momentos
em que sofri amarguras mil...
Vida, quero esquecer os tons pálidos,
quero colorir-te em nuanças de arco-íris,
buscar no astro-rei o afago cálido
para aquecer minha alma fria.
Basta! Não quero mais viver assim.
Solidão, fica longe de mim!
(SUELI CURRIEL)



quarta-feira, 4 de abril de 2012

O CIÚME





...Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta...
.........................................................
Sobre toda estrada, sobre toda sala
paira monstruosa, a  sombra
do ciúme... (Caetano Veloso)



Quem nunca sentiu ciúmes?
Será que eu ouvi um não?
Ou será que todo mundo respondeu que sim?
Sim, com toda certeza.
O ciúme ainda faz parte da natureza humana.
É feio, é monstruoso, é egoísta, mas é humano.
Mas por que sentimos ciúmes?
Onde é que esse bichão nasce?
A resposta é clara e absurdamente lógica: ele nasce da nossa profunda ignorância das Leis da Vida.
Nós sentimos ciúme de alguém ou de algo porque achamos que esse alguém ou algo nos pertence.
Mas se conhecêssemos mais um pouco da vida saberíamos que nada nos pertence, nada é nosso.
Nem aquilo que aparentemente é nosso. 
Você tem uma casa, um carro, um amigo, um amor?
Não, absolutamente não.
Ninguém tem nada, ninguém possui nada.
As coisas estão conosco apenas por empréstimo, as pessoas estão em nossa vida apenas de passagem.
Elas vêm, elas vão...
E nada vai mudar isso, não podemos reter nada, não podemos deter ninguém.
É que adoramos o pronome possessivo meu e nosso.
Isso é meu, aquilo é meu, fulano é meu marido, fulana é minha namorada, está é a nossa casa, este é o nosso carro.
Quanta ilusão! Alguém, por favor, me aponte quem já conseguiu levar algumas dessas coisas ou pessoas quando deixou esse plano físico.
Claro, no tempo dos faraós, os tesouros eram levados pra dentro da câmara mortuária e até pessoas eram encerradas juntos com o morto.
Mas, muito tempo depois, eles foram encontrados do mesmo jeito. Estavam lá. Alguns tesouros os ladrões levaram, outros permaneceram durante centenas de anos até serem resgatados pelos arqueólogos.
Então, quanta tristeza devem ter sentido esses faraós ao chegarem do lado de lá e se descobrirem desnudos, pobres, miseráveis e solitários.
Tanta riqueza e tanto poderio, e tudo isso ficou pra trás...
Era deles? Pertencia a eles? Claro que não...
Da mesma maneira nós agimos em relação às pessoas presentes em nossa vida. Queremos possui-las, tomá-las de si, algemá-las e constrangê-las à nossa presença.
Mas elas são livres para decidirem se querem ficar ou se querem ir embora.
Portanto, o ciúme, embora natural na nossa faixa evolutiva, nada tem a nos acrescentar, antes nos toma: o sossego, a paz, os sentimentos mais belos e mais nobres, que são a amizade e o amor.
O ciúme constrange, restringe, pune, acicata, revolta.
Ao invés, devemos amar e deixar o outro livre.
O amor liberta, dulcifica, plenifica, une.
Deixemos aqueles que comungam da nossa vida em liberdade total, isso os manterá ao nosso lado, porque se sentirão à vontade.
Somente o amor cria laços verdadeiros, mas o ciúme cria prisões.
E quem é que gosta de se sentir prisioneiro, ainda que seja uma cela dourada?
Abram as cadeias, as portas, os cadeados, e joguem as chaves fora.
Quem tiver que ficar em nossa vida, vai ficar pelo único motivo que realmente importa: o amor.
(SUELI CURRIEL)








segunda-feira, 2 de abril de 2012

A DOR COMO FORMA DE EVOLUÇÃO




Tenho pensado muito no mecanismo da dor como forma de evolução.
Muitos consideram injusto termos que recorrer à dor para progredirmos.
Mas,  qual  outro caminho? O amor? Será que o homem está pronto pra se entregar a este aprendizado, de forma consciente?
Eu, sinceramente, acredito que não. O homem se encontra ainda muito longe de aprender de boa vontade o que de uma maneira geral só aprende através do sofrimento.
A dor é uma mestra muito severa mas também muito eficiente.
Quem é que gosta de sofrer muitas e muitas vezes o mesmo tipo de suplício? Acho que ninguém,  não é?
E quando passamos por certas dificuldades e penamos muito, aquilo de tal forma fica gravado em nossa alma, nossa memória, que evitaremos repetir os passos que nos conduziram àquela situação.
Entretanto, muitos repetem, sim, estes passos e erram diversas vezes, sofrem muitas vezes, até que a dor, chegando a um extremo insuportável, ensina o bom caminho ao transgressor.
Não podemos nos esquecer também que há  muitos que se comprazem no sofrimento, talvez como forma de se auto punirem e expungirem suas culpas reprimidas. Mas, mesmo neste caso, a dor funciona como uma alavanca para a mudança dos quadros íntimos, uma cura para o mal interior.
Seria maravilhoso se a dor não existisse, se usássemos apenas o raciocínio para evitar situações desagradáveis e que ocasionem constrangimento.
Mas eu creio que, ao sentirmos uma dor, saberemos de uma maneira muito mais enfática que aquilo não nos faz bem e que devemos evitá-la.
É uma forma bastante eficaz de aprendizado. Uma lição que com certeza não nos esqueceremos jamais, e que ficará impressa de maneira indelével nos nossos arquivos conscientes e inconscientes.
Até que, por fim, chegados a um estágio superior de evolução, possamos agir apenas através de nossas escolhas pessoais, sem recorrer ao agravo do sofrimento e da dor.
Pode ser que esse dia esteja longe, mas ainda chegaremos lá. Com certeza!
(SUELI CURRIEL)

sexta-feira, 30 de março de 2012

NO MUNDO DA LUA




- Quero me afogar no Mar da Serenidade...
- E onde fica?.
- Na lua.
- E por que tão longe?
- Porque pra ter serenidade é necessário ficar bem distante...
- Distante de que?
- Daquilo que  machuca o coração.
- Talvez você devesse se jogar no Mar das  Crises. Fica na lua também.
- Por que nesse lugar?
- Porque é durante as crises que conseguimos nos resolver.
- Em seguida poderia dar um mergulho no Mar da Tranquilidade...
- Por que?
- Porque depois de uma crise precisamos nos tranquilizar...
- E depois?
- Bem, depois poderia me banhar no Lago dos Sonos, dormir e sonhar apenas coisas boas.
- Não tem um mar ou um lago do amor na lua?
- Acho que não. Por que?
- Porque toda essa conversa significa alguém muito carente, precisando de amar e ser amado.
- Será que não dá pra encontrar na Terra mesmo?
- Claro que dá! É só levantar daí e sair do mundo da lua e ir à luta...
- É verdade! Então lá vou eu!
(SUELI CURRIEL)


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