sábado, 29 de setembro de 2012

CÁRCERE SOMBRIO



Sábado, mais um... Vazio e interminável, preguiçoso e triste.
Não sei o que faço, existem tarefas me aguardando, mas não me animo pra fazer nada.
Não há perspectivas boas, será um dia a mais na minha existência e só.
Bem que eu poderia dormir e acordar daqui a um, dois, três anos. Talvez a dor já tivesse passado.
E eu acordaria feliz e bem disposta.
Mas eu vou ter que viver este sábado, os domingos e todos os dias da semana, por toda minha vida.
Viver? Sobreviver? Sub-viver?
Meu coração não está em paz, a minha mente não descansa.
Sinto-me mergulhada num oceano de amarguras, sem nenhuma tábua de salvação.
Estou afogada nele, sem esperança de emergir.
As minhas esperanças foram cortadas, estioladas, massacradas.
Nada me importa agora. Não há nada que chame minha atenção.
A ponte que ligava nossos "eus" foi destruída.
A fonte da minha alegria secou.
Você se foi e ficou apenas um grande nada.
Onde irei encontrar o apoio que encontrava nos teus braços?
O calor que buscava, sôfrega, nos teus beijos?
A serenidade que encontrava no teu olhar?
Vale mesmo a pena viver sem teu amor?
Apenas as minhas convicções espirituais ainda me mantem presa a esta terra...
Vou ter que reaprender tudo: a respirar, a andar, a falar, a me movimentar.
Porque você era o meu estímulo para a vida.
Você está longe, fora do meu alcance.
Há uma porta fechada entre nós, que se abre apenas do teu lado.
Só você tem a chave, e eu pressinto que você a jogou longe.
A porta não vai abrir, mesmo que eu queira.
Você se afastou e eu terei que respeitar isso.
A vida vai continuar. A tristeza também. O amor que sinto por você vai sobreviver, ainda que envolto nas brumas do tempo.
Talvez a alegria ainda volte pra me fazer companhia, não sei...
Mas o amor... acho que nunca conseguirei amar mais ninguém. Não tanto quanto eu te amei.
Quem sabe eu deva mesmo ficar encarcerada no meu mundinho particular. Pelo menos ninguém vai mais se machucar com as minhas atitudes impensadas, frenéticas, insanas.
Eu estou doente... Muito doente.
A cura pode demorar toda uma vida, ainda não tenho certeza.
Por isso o melhor mesmo a fazer é me afastar das pessoas, como são afastados os loucos e os criminosos.
Os loucos vão para um sanatório, os criminosos numa cela de prisão.
Eu sou louca e criminosa, então me encarcerarei dentro das minhas paredes, pra que nada passe para o exterior. Não atinja nada nem ninguém.
Até um dia quando tiver rompido as algemas do meu descontrole emocional, do meu ciúme doentio, da minha possessividade, do meu egoísmo.
E então, quem sabe, vou conseguir olhar nos teus olhos sem sentir vergonha ou medo.
Amada, perdão por tudo!
Mas eu mesma criei essa prisão para mim, sou o meu próprio juiz e carrasco.
Apenas quando eu puder me perdoar, vou conseguir ser feliz.
Mas agora são apenas lágrimas e pesares que corroem a minha alma.
Eu queria que pelo menos você pudesse ser feliz, apesar de todo o mal que te causei.
Quero imaginar você sorrindo, amando e sendo amada, como você merece.
Isso diminuiria a dor que sinto.
Que Deus te ampare, para todo o sempre!
(SUELI CURRIEL)



Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...