quarta-feira, 27 de junho de 2012

DOCE INVERNO...



O inverno chegou... Mas num país tropical como o nosso é até estranho falar de inverno.
Mas ele está aí, eu o sinto olhando pela janela e vendo o céu de um azul mais carregado, a minha pele sente o ar mais frio.
As manhãs são frias. Com o decorrer das horas o calor aumenta, e à medida que o sol declina, volta a esfriar. Um pouco, apenas um pouquinho.
Mas eu gosto. É uma deliciosa estação! Depois de passar calor o ano inteiro, um friozinho é sempre bem vindo.
Acho que eu deveria ter nascido num país nórdico, onde a estação fria é mais prolongada. Adoraria esquiar na neve, namorar perto de uma lareira, tomar chocolate quente todos os dias.
Claro que teria os inconvenientes, como ter que sair da cama quentinha e enfrentar os rigores do clima frio. Haveria tempestades de neve, não poderia sair de casa, ficaria ilhada num mundo de neve e gelo.
Teria que redobrar os cuidados com a pele e a alimentação.
Mas, enfim, ia amar mesmo tudo isso!
Mas, claro, isso é só um desejo. Vou ficando por aqui mesmo, nesse calor infernal. E de vez em quando um friozinho de nada para amenizar.
Por isso eu celebro mesmo essa estação, muito vento na cara, deixando a pele se arrepiar ao contato da brisa fria.
O único calor que eu suporto com prazer é o calor do beijo da minha amada. Esse não é frio de jeito nenhum e eu também adoro!
Mas quem poderia dizer que estou errada?
(SUELI CURRIEL)

sábado, 16 de junho de 2012

AMOR E PAZ



Acordei e o sol estava lá fora, brilhando opaco, através de densas nuvens.
Talvez chova, talvez faça frio. Ainda não sei. O tempo é muito imprevisível.
Assim como eu...
Hoje amanheci serena, tranquila e em paz comigo mesma e com o mundo.
Mas daqui a pouco não sei. Posso ficar melancólica, irada ou completamente doida.
Deve ser mal de quem carrega muita água no mapa astral. Peixes com ascendente em peixes.
É, deve ser isso.
Mas em todo caso, seja qual for o meu estado de espírito, existe um elemento pacificador, diante do qual eu fico absolutamente sossegada.
Você.
Você consegue me deixar em harmonia comigo mesma.
Apenas você, teu sorriso, tua voz suave, teu toque macio, teu beijo "caliente".
E o sol volta a brilhar! E a vida fica mais risonha! E o mundo um lugar melhor pra viver.
Amo muito você!
(SUELI CURRIEL)

domingo, 10 de junho de 2012

INDAGAÇÕES ÍNTIMAS




Estou  perdida dentro dos meus pensamentos.
Longe de você, dos teus olhos, do teu abraço.
Sinto-me só e desamparada.
Penso que a luz está apagada, mas é apenas impressão.
É somente minha alma que se eclipsou da tua presença.
Quando será? E esse dia que nunca chega?
Será que um dia vai chegar mesmo?
Ou isso é apenas uma ilusão?
Penso, às vezes, que sim.
Que tudo não passa de um sonho.
Um sonho que construímos juntas, mas que acordaremos e nada daquilo será real.
Não quero me perder de você.
Você é a minha âncora, sem a qual eu fico à deriva.
Você me resgatou da minha solidão, trouxe uma lufada de ar fresco na minha vida insossa.
Você ensolarou meus dias frios e angustiantes.
Trouxe cor nas minhas paisagens cinzentas.
Pegou-me pela mão, me mostrou um mundo que eu nem imaginava.
Deu-me a conhecer o céu e as estrelas, constelações e nebulosas.
Indicou-me um caminho atapetado de flores perfumadas.
Juntas construímos castelos de areia e ríamos quando a onda os desmanchava.
Aprendi com você a amar a natureza, os animais e as crianças.
Com você consegui superar meus receios e dúvidas.
Agora eu te sinto distante, como se os nossos laços estivessem se rompendo.
E a dor vem visitar meu coração, trazendo inquietação e desassossego.
Quando nos teremos apenas para nós mesmas?
Sem impedimentos, sem empeços, sem nada entre nós?
Apenas o bater contínuo e ritmado de nossos corações.
Apenas o som da nossa respiração.
Apenas o murmurar do nosso beijo.
Apenas o calor dos nossos corpos.
Apenas eu e você.
E o amor.
(SUELI CURRIEL)


domingo, 27 de maio de 2012

DESILUSÃO






Desilusão, desilusão, danço eu,dança você, na dança da solidão... (Marisa Monte)

Enfim te encontro, ou reencontro, ou te confronto...
Mas então aí está você... Talvez tão perdida quanto eu...
Você se cala, eu emudeço. Palavras são desnecessárias.
Entre nós apenas o desejo se fazendo presente, inconsequente...
Tudo o mais em volta é um eco de antigos amores vibrando
nas paredes sólidas (sólidas?) deste castelo de ilusão.
O vento, desalento,  perpassa pelas frestas da nossa indecisão.
Por onde seguir? Qual caminho tomar?
Olhares cabisbaixos, as mãos trêmulas,
o coração batendo na garganta.
A declaração de amor abortada na boca seca...
Pra que falar se o que mais quero é te beijar?
Então você entenderia todos os meus silêncios,
todas as minhas fugas para lugar algum.
Finalmente perceberia meu medo de transpor o abismo
que há entre nós.
Abismo fatal, colossal, mortal...
Lá embaixo jazem outros corpos, outras almas,
perdidas para sempre no turbilhão dos enganos.
Então sinto você também temerosa, não querendo correr o risco
de resvalar para o eterno nada...
E você não vem, não dá o passo decisivo.
E eu choro, as lágrimas abundantes escapam dos meus olhos febris.
E o beijo não sela as promessas que não foram ditas.
E o amor simplesmente se rompe como uma bolha de sabão.
Perdido, vencido, para sempre esquecido...
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 7 de maio de 2012

À TUA PROCURA...



Hoje eu senti a tua ausência de uma maneira dolorosa...
Um vazio imenso, que nada conseguiu preencher.
Era como se, protagonista de uma peça de teatro, a casa lotada, eu só conseguisse visualizar o teu lugar vazio na plateia...
Busquei-te nos escaninhos da mente e você estava lá, etérea e imponderável...
Procurei-te nas ondas do rádio e consegui sintonizar uma canção que você ama.
Passei nas bancas de jornal e você estava estampada em uma revista de moda, o sorriso rasgado, o olhar travesso...
Pedi ao vento notícias tuas e ele me concedeu apenas o aroma delicado dos teus cabelos.
Tive um vislumbre de você parada numa esquina, esperando o sinal abrir, mas assim que me aproximei, você desapareceu entre os carros...
Consegui ouvir tua risada ao passar por uma praça, mas apenas crianças brincavam na sua inocência.
Não consegui te encontrar, apesar da busca incansável.
Onde você estava? Por que fugiu de mim?
Não percebe que eu preciso muito da tua presença?
Não entende que a tua ausência me machuca?
Que eu preciso te saber ali, ao alcance dos meus olhos e do meu amor?
Por favor, fique, eu te peço!
Não desapareça da minha vida, não me deixe à deriva nesse mar de angústia.
Quero ter a deliciosa sensação do coração palpitando quando te percebo ao meu lado.
Venha iluminar minha vida, aquecer a minha solidão, dar um sentido aos meus dias.
Venha, eu te espero, de braços abertos e o peito transbordando de amor... Eu te amo!
(SUELI CURRIEL)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

NAUFRÁGIO VOLUME 2



Caminhar sem rumo...
Escrever sem nexo.
Esgotar todas as minhas energias,
me exaurir,
tombar no meio fio...
Esvaziar as minhas angústias,
desacelerar meus pensamentos,
respirar o nada.
Palpitações, insônia,
olhar o nada...
Onde estou?
O que sou?
Pra onde vou?
O que me resta?
O que me cerca?
O que me espera?
Infinito, universo caótico,
oceano do esquecimento.
Vida, vida!
Estou me perdendo de ti...
Sou um náufrago buscando socorro...
S.O.S.!
Preciso de uma tábua de salvação,
braços gentis a me amparar,
olhos de maresia a me encarar.
Meu Deus, meu Deus,
cadê eu?
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

ROGATIVA DE AMOR







Eu só te peço uma coisa: fique mais um pouco!
O suficiente pra dizer-te coisas que ainda não disse.
Palavras que ficaram presas na garganta,
sufocadas no coração.
Promessas que não fiz mas deveria ter feito,
promessas que fiz e não cumpri...
Apenas mais um momento, eu te imploro!
Quero dar-te os beijos que sempre tive vontade,
mas que por receio não consegui me atrever.
Deixe-me abraçar-te apertado pra você sentir todo o calor do meu desejo...
Quero entrelaçar nas tuas as minhas mãos frias.
Olhar-te nos olhos e pôr a descoberto meus mais recônditos segredos...
Falar-te da minha dor, dos meus anseios, meus receios, minha solidão...
Não te vás, espera um pouco mais.
Pretendo convencer-te a me querer em tua vida,
a anoitecer em meu leito
e  amanhecer em meus braços...
Braços, abraços, bem-querer...
Beijos, afagos, estremecer...
De amor, paixão, tresloucada ventura.
E pra sempre, infinitamente,
comigo viver essa loucura...
(SUELI CURRIEL)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

ROMPENDO COM A DOR



Espera, esperança...
Não me deixes só com os meus tormentos...
Paz, pacifica as agruras do meu viver...
Estrela cadente, traz de volta o meu amor.
Coração, te aquieta em meu peito agitado,
Permita-me esquecer estes momentos
em que sofri amarguras mil...
Vida, quero esquecer os tons pálidos,
quero colorir-te em nuanças de arco-íris,
buscar no astro-rei o afago cálido
para aquecer minha alma fria.
Basta! Não quero mais viver assim.
Solidão, fica longe de mim!
(SUELI CURRIEL)



quarta-feira, 4 de abril de 2012

O CIÚME





...Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta
e se viu ferido justo na garganta...
.........................................................
Sobre toda estrada, sobre toda sala
paira monstruosa, a  sombra
do ciúme... (Caetano Veloso)



Quem nunca sentiu ciúmes?
Será que eu ouvi um não?
Ou será que todo mundo respondeu que sim?
Sim, com toda certeza.
O ciúme ainda faz parte da natureza humana.
É feio, é monstruoso, é egoísta, mas é humano.
Mas por que sentimos ciúmes?
Onde é que esse bichão nasce?
A resposta é clara e absurdamente lógica: ele nasce da nossa profunda ignorância das Leis da Vida.
Nós sentimos ciúme de alguém ou de algo porque achamos que esse alguém ou algo nos pertence.
Mas se conhecêssemos mais um pouco da vida saberíamos que nada nos pertence, nada é nosso.
Nem aquilo que aparentemente é nosso. 
Você tem uma casa, um carro, um amigo, um amor?
Não, absolutamente não.
Ninguém tem nada, ninguém possui nada.
As coisas estão conosco apenas por empréstimo, as pessoas estão em nossa vida apenas de passagem.
Elas vêm, elas vão...
E nada vai mudar isso, não podemos reter nada, não podemos deter ninguém.
É que adoramos o pronome possessivo meu e nosso.
Isso é meu, aquilo é meu, fulano é meu marido, fulana é minha namorada, está é a nossa casa, este é o nosso carro.
Quanta ilusão! Alguém, por favor, me aponte quem já conseguiu levar algumas dessas coisas ou pessoas quando deixou esse plano físico.
Claro, no tempo dos faraós, os tesouros eram levados pra dentro da câmara mortuária e até pessoas eram encerradas juntos com o morto.
Mas, muito tempo depois, eles foram encontrados do mesmo jeito. Estavam lá. Alguns tesouros os ladrões levaram, outros permaneceram durante centenas de anos até serem resgatados pelos arqueólogos.
Então, quanta tristeza devem ter sentido esses faraós ao chegarem do lado de lá e se descobrirem desnudos, pobres, miseráveis e solitários.
Tanta riqueza e tanto poderio, e tudo isso ficou pra trás...
Era deles? Pertencia a eles? Claro que não...
Da mesma maneira nós agimos em relação às pessoas presentes em nossa vida. Queremos possui-las, tomá-las de si, algemá-las e constrangê-las à nossa presença.
Mas elas são livres para decidirem se querem ficar ou se querem ir embora.
Portanto, o ciúme, embora natural na nossa faixa evolutiva, nada tem a nos acrescentar, antes nos toma: o sossego, a paz, os sentimentos mais belos e mais nobres, que são a amizade e o amor.
O ciúme constrange, restringe, pune, acicata, revolta.
Ao invés, devemos amar e deixar o outro livre.
O amor liberta, dulcifica, plenifica, une.
Deixemos aqueles que comungam da nossa vida em liberdade total, isso os manterá ao nosso lado, porque se sentirão à vontade.
Somente o amor cria laços verdadeiros, mas o ciúme cria prisões.
E quem é que gosta de se sentir prisioneiro, ainda que seja uma cela dourada?
Abram as cadeias, as portas, os cadeados, e joguem as chaves fora.
Quem tiver que ficar em nossa vida, vai ficar pelo único motivo que realmente importa: o amor.
(SUELI CURRIEL)








segunda-feira, 2 de abril de 2012

A DOR COMO FORMA DE EVOLUÇÃO




Tenho pensado muito no mecanismo da dor como forma de evolução.
Muitos consideram injusto termos que recorrer à dor para progredirmos.
Mas,  qual  outro caminho? O amor? Será que o homem está pronto pra se entregar a este aprendizado, de forma consciente?
Eu, sinceramente, acredito que não. O homem se encontra ainda muito longe de aprender de boa vontade o que de uma maneira geral só aprende através do sofrimento.
A dor é uma mestra muito severa mas também muito eficiente.
Quem é que gosta de sofrer muitas e muitas vezes o mesmo tipo de suplício? Acho que ninguém,  não é?
E quando passamos por certas dificuldades e penamos muito, aquilo de tal forma fica gravado em nossa alma, nossa memória, que evitaremos repetir os passos que nos conduziram àquela situação.
Entretanto, muitos repetem, sim, estes passos e erram diversas vezes, sofrem muitas vezes, até que a dor, chegando a um extremo insuportável, ensina o bom caminho ao transgressor.
Não podemos nos esquecer também que há  muitos que se comprazem no sofrimento, talvez como forma de se auto punirem e expungirem suas culpas reprimidas. Mas, mesmo neste caso, a dor funciona como uma alavanca para a mudança dos quadros íntimos, uma cura para o mal interior.
Seria maravilhoso se a dor não existisse, se usássemos apenas o raciocínio para evitar situações desagradáveis e que ocasionem constrangimento.
Mas eu creio que, ao sentirmos uma dor, saberemos de uma maneira muito mais enfática que aquilo não nos faz bem e que devemos evitá-la.
É uma forma bastante eficaz de aprendizado. Uma lição que com certeza não nos esqueceremos jamais, e que ficará impressa de maneira indelével nos nossos arquivos conscientes e inconscientes.
Até que, por fim, chegados a um estágio superior de evolução, possamos agir apenas através de nossas escolhas pessoais, sem recorrer ao agravo do sofrimento e da dor.
Pode ser que esse dia esteja longe, mas ainda chegaremos lá. Com certeza!
(SUELI CURRIEL)

sexta-feira, 30 de março de 2012

NO MUNDO DA LUA




- Quero me afogar no Mar da Serenidade...
- E onde fica?.
- Na lua.
- E por que tão longe?
- Porque pra ter serenidade é necessário ficar bem distante...
- Distante de que?
- Daquilo que  machuca o coração.
- Talvez você devesse se jogar no Mar das  Crises. Fica na lua também.
- Por que nesse lugar?
- Porque é durante as crises que conseguimos nos resolver.
- Em seguida poderia dar um mergulho no Mar da Tranquilidade...
- Por que?
- Porque depois de uma crise precisamos nos tranquilizar...
- E depois?
- Bem, depois poderia me banhar no Lago dos Sonos, dormir e sonhar apenas coisas boas.
- Não tem um mar ou um lago do amor na lua?
- Acho que não. Por que?
- Porque toda essa conversa significa alguém muito carente, precisando de amar e ser amado.
- Será que não dá pra encontrar na Terra mesmo?
- Claro que dá! É só levantar daí e sair do mundo da lua e ir à luta...
- É verdade! Então lá vou eu!
(SUELI CURRIEL)


quinta-feira, 29 de março de 2012

PARA UMA VIDA MELHOR!




O mundo é um lugar muito perigoso de se viver...
As pessoas se esbarram nas ruas e não têm a menor noção de quem é o outro.
As dores íntimas, as neuroses, os conflitos existenciais, as doenças da alma.
Muitos vivem no limite estreito entre a loucura e a sanidade.
Você pode ter um vizinho psicopata, um colega louco de pedra, e dorme tranquilo e inocente.
Mas, nós, todos os seres humanos, temos em nós zonas escuras de difícil acesso, inclusive para nós mesmos.
E no caos urbano é mais visível essa fragilidade emocional.
Não há tempo para diálogos, para cortesias, gentilezas...
Ninguém se importa com as dores alheias, apenas com o seu próprio umbigo.
A cidade é um palco perfeito para as disputas sangrentas, a violência armada, o confronto entre facções.
As pessoas estão cada vez mais trancadas em seu mundinho particular, a portas fechadas, muros altos, uma parafernália muito grande de segurança. Aliás, ilusória segurança, porque ninguém está seguro em parte alguma.
O homem tem uma multidão de amigos virtuais e nenhum amigo real, alguém com que possa contar de verdade, desabafar seus problemas, ter um ombro pra chorar suas dores.
Ele se isolou num mundo de faz-de-conta, e não sobrou nada de agradável no mundo real. Apenas pesadelos de horror.
Será que um dia veremos a fraternidade reinar em nosso planeta?
Será que os homens se darão as mãos, conviverão em harmonia, serão gentis e amorosos uns com os outros?
É bem possível que sim. Quando ele se cansar de viver só e isolado, e a natureza gregária dele falar mais alto.
Então ele vai procurar seus pares, seus iguais e aprenderá a viver em harmonia.
E o planeta Terra será um lugar maravilhoso de se viver!
(SUELI CURRIEL)


terça-feira, 27 de março de 2012

DESCOBRINDO O AMOR




Hoje, quando os meus olhos estavam mergulhados nos teus lindos olhos, eu me descobri encantada, embriagada, fascinada...
De mansinho, bem devagarinho, aproximei minha boca da tua e o beijo foi estonteante.
As tuas mãos se enroscaram nos meus cabelos e as minhas mãos tocaram a tua nuca numa suave carícia.
Lá fora o sol brilhava, espalhando calor e luz. Passava pouco das duas da tarde.
Poucas nuvens no céu, o vento era suave e carregava um cheiro doce de mato recém cortado.
Algumas cigarras ainda teimavam em emitir seu canto apesar do outono já ter começado.
Ouvíamos ao longe o alarido dos pássaros nas árvores e um rumor de crianças nos seus folguedos.
O mundo lá fora não nos pertencia e tampouco nos incomodávamos com o resto da humanidade.
Éramos apenas nós, engolfadas na harmoniosa batalha do amor...
Sussurros roucos, palavras carregadas de paixão, os corações batendo no mesmo ritmo.
A atmosfera estava carregada da eletricidade dos corpos se tocando.
Os lençóis amarfanhados, travesseiros pelo chão, roupas espalhadas pela cama.
A plenitude nos visitou, o cansaço tomou conta de nós, o sono foi bem vindo.
Dormimos, os corpos entrelaçados, a respiração regular, o ritmo cardíaco voltando lentamente ao normal.
Nessa tarde de amor foi que eu descobri onde realmente quero passar o resto da minha vida:
nos teus braços macios e amorosos, no aconchego desse sentimento que chega a ser de quase  adoração.
Que venham os dias futuros, as horas mansas, os anos fartos de beleza e alegria.
É assim que eu quero viver, com você, para sempre...
Eu te amo!
(SUELI CURRIEL)

segunda-feira, 26 de março de 2012

ESCOLHAS...



Você já se sentiu como se estivesse em frente a uma bifurcação e não soubesse qual o caminho tomar?
Estou me sentindo assim hoje. Indecisa, sem rumo...
As duas possibilidades são ótimas, mas o  grande problema é que uma exclui necessariamente a outra.
E em nenhuma das duas dá pra se enxergar muito ao longe, pra ver no que vai virar.
Em todo caso, sempre temos que escolher. Mesmo que essa escolha seja não tomar nem o caminho da direita nem o caminho da esquerda e voltar nos próprios passos.
Ah, mas isso seria um retrocesso e eu acredito muito no progresso.
Tenho que escolher, mas quão difícil é esse exercício de tomar decisões, de sair de cima do muro, se jogar, arriscar...
E se esse caminho não for tão agradável quanto parece?
E se aqueloutro estiver salpicado de espinhos, de dor?
Só vou descobrir quando eu trilhar um deles, mas isso implica novamente em escolher.
Você conseguiria optar entre o sol ou a lua, a noite ou o dia, o calor ou o frio, mesmo sabendo que se tiver um não poderá ter o outro? Pois é, é justamente essa historia!
O que fazer? O que fazer?
E o pior é que não tem amostra grátis pra saber qual o melhor.
E o pior dos pesadelos, provavelmente se você resolver ir por um deles e se arrepender, o outro não vai estar mais lá, te esperando.
Percebe o meu dilema?
Quem deve escolher: a razão ou o coração, ou uma pitada dos dois?
Acredito que, embora todo esse conflito, eu vou ter que fazer uma escolha e pagar pra ver.
E que Deus me ajude!
(SUELI CURRIEL)






domingo, 25 de março de 2012

ESPERANÇA




Mais um domingo preguiçoso que chega ao fim...
Anoitece... Olho para o céu e vejo uma pequena e brilhante estrela,  muito linda.
Penso que o nome dela deva ser Esperança, mas ela pisca e diz que não:
"O meu nome é Desencanto."
Fico muito triste e não consigo evitar uma lágrima, que rola e cai no chão.
Desencanto, Desengano, Decepção... Todas essas pequenas estrelas brilhando no meu céu particular.
Esperança, queria tanto te encontrar!
Roubar você desse céu apenas para mim. E nunca mais permitir que você vá embora.
Eu sei que você traria para os meus braços a minha amada.
E meus dias seriam cheio de uma luminosidade ímpar.
Nada mais de escuridão, de dor, de amargura sem fim.
Doces seriam as minhas horas, serenos os meus momentos.
E você assistiria ao  nosso passeio noturno, sob o luar...
A nossa preguiça esparramada na rede, num balançar suave e ritmado.
O cheiro suave da terra molhada depois de uma chuva fresca.
Mas, ah, meu Deus, não consigo encontrar a Esperança...
Acho que ela está perdida para mim.
Procuro neste vasto céu, mas em vão. Ela não está em nenhum lugar.
Fecho os meus olhos por alguns segundos e então percebo:
A Esperança não está no céu, mas sim, dentro do meu coração.
Era por isso que não a encontrava, pois estava procurando no lugar errado.
Agora estou feliz, pois a Esperança é minha, toda minha!
Então vou à procura do meu amor, de minha amada!
A Esperança disse que ela está próxima, bem próxima de mim.
Que basta eu estender meus braços e ela se aninhará neles.
Olho para o céu e todas aquelas tristes estrelas parecem não mais importar, porque no meio delas eu encontrarei apenas uma, muito especial:
Você...
(SUELI CURRIEL)


VIVER A VIDA... VIVER O AMOR...




Respirando a vida em longos haustos...
Agarrando toda e qualquer chance de ser feliz...
Quem tem medo de quebrar a cara? Eu não!
Quero mais é acontecer, tentar, explorar esse mundo belo e eternamente jovem.
Coração aberto, plenamente exposto, revigorado e totalmente destemido...
Ainda que venha o sofrimento e a decepção junto, quem se importa?
Ninguém vai poder me acusar de ser covarde, de não ter buscado as oportunidades.
Pra onde vou? Não sei... Pra onde levar os meus passos rápidos e decididos.
Baterei em portas fechadas, adentrarei portas entreabertas, o que encontrarei atrás delas?
Só Deus sabe...
O sorriso será minha bandeira, o amor a minha oferta total.
Muitos virão, poucos permanecerão, mas somente um será o escolhido.
Será aquele que tiver o olhar audaz, a bondade nos gestos, a força no caráter e a doçura no beijo.
Aquele que estiver disposto a semear estrelas e colher flores primaveris.
Cujas mãos sejam firmes e o coração constante.
A voz serena e a alma gentil.
Mas, acima de tudo, que tenha o amor pleno para ofertar e compartilhar.
Amor por Deus, pela humanidade, pela natureza, e principalmente,
que me ame tal qual eu sou, sem restrições, sem condições.
Parece impossível? Bem, não custa nada sonhar...
(SUELI CURRIEL)

sábado, 24 de março de 2012

VERBORRAGIA, TERAPIA PARA A DOR...




Quero escrever, escrever, escrever...
Verborragia, hemoptise verbal...
Ficar vazia de todas as letras, de todas as palavras.
Quero dar nome aos sentimentos que me sufocam e escrevê-los em letras garrafais...
Desejo alijar de minha alma todo o cansaço que me domina, todo o desencanto que me acompanha...
Rabiscar em um folha em branco todos os gritos de dor presos na garganta, todas as lágrimas sentidas represadas em meus olhos febris...
Passar a limpo todos os sonhos desfeitos, todos os desejos reprimidos, toda a esperança perdida...
Reestruturar os parágrafos sem nexo, as reticências sem fim...
Reordenar os capítulos desencontrados, as frases inacabadas...
Colocar os pingos nos is, os pontos finais na velha historia de ilusão e tormento...
Sintaxe do coração, regência da paixão...
Pontuo a gramática da minha vida e descubro, lá, no meio de velhas cartas amarelecidas pelo tempo,
um nome, apenas um nome,
o qual farei escrever em um grande luminoso de gás neon:
Você...
(SUELI CURRIEL)

CHAMADO PARA AMADA




Quero viver em uma ilha, no mar da tranquilidade.
Cercada por águas azuis e espumas brancas.
E o sol a brilhar e a lua a me enfeitiçar.
Trepar no coqueiro e tomar água de coco.
E catar conchinhas e fazer lindos colares pra minha amada...
Quero ouvir o pio noturno da coruja e a sinfonia melodiosa do vento entre as folhagens.
Acender uma fogueira na praia e cantar uma canção de amor pra minha amada...
Banhar-me em um regato e plantar meu próprio alimento.
Pescar belos peixes e assá-los para comer com minha amada...
Quero apenas uma cabana tosca coberta com folhas de coqueiro.
E dormir serenamente nos braços de minha amada...
Minha amada... Onde você está?
Por que não responde ao meu chamado?
Será que o mar, ciumento, te tragou em suas ondas revoltas?
Ou será que foi um pirata de perna de pau que te levou para o navio dele?
Será que um belo tritão te seduziu com seu canto irresistível?
Ou terá sido apenas um sonho e você nunca esteve realmente ao meu lado?
Venha, amada, para os meus braços, viver comigo nessa ilha, longe de tudo e de todos.
Você, eu e o nosso amor...
(SUELI CURRIEL)

NAUFRÁGIO



A doçura transbordou toda... e ficou pingando no piso frio.
Foi desperdiçada nas palavras que não foram ditas, no beijo que não foi trocado, no amarfanhar dos lençóis que não foram usados...
Agora quem manda é a amargura, o fel, o desar...
Viverei apenas de lembranças?
Ficarei perdida como náufrago em alto mar?
Sem que me apareça uma única embarcação pra me resgatar desse oceano de dor?
Será que conseguirei chegar em segurança em alguma ilha perdida, cercada de paz?
Talvez sim... Então recolherei seixos e conchas e com elas formarei apenas um nome que meu coração não cessa de murmurar: você...
(SUELI CURRIEL)

sexta-feira, 23 de março de 2012

E ENTÃO?




De repente você chegou!
Entrou em minha vida como o sol penetra em um quarto sombrio, iluminando e aquecendo todos os cantos.
Como um furacão você varreu a ordem tão ciosamente cultivada nos meus dias.
Como uma chuva fresca você inundou minhas horas mornas e entediantes.
Como um calor de uma tarde de verão você derreteu o gelo que envolvia meu coração.
Seduziu-me com o teu sorriso cativante, teu olhar faiscante de desejo, tua voz quente, teu cheiro doce...
Fiquei irremediavelmente perdida no teu abraço, emaranhada na teia do teu querer...
Uma paixão avassaladora tomou conta de nós...
De onde você veio?
De qual arco-íris foi arremessada, já que trouxe tanta cor aos meus tons de cinza?
De qual estrela perdida na infinitude do universo você me foi entregue?
Por que caminhava sozinha, apartada da minha companhia?
Onde você estava escondida, que te procurei tanto tempo e não te achei?
Agora você vira meu mundo de cabeça pra baixo, mina as minhas estruturas mais sólidas, põe em xeque as minhas mais profundas convicções.
O caos se instalou onde antes havia apenas ordem.
O que você deseja de mim? O que espera de mim?
Por quais estradas caminharemos? Quais edifícios construiremos juntas?
Devemos mesmo continuar alimentando esse sentimento que nos perturba o sono, que invade nossos sonhos?
Será que devemos rasgar o véu da incerteza que povoa nossas horas de aflição?
Eu quero você...
Preciso urgentemente te tocar, te sentir, te realizar...
Caminhar de mãos dadas com você até os confins do universo. Lá, onde há a sinfonia maravilhosa regida pelo silêncio das bocas cansadas.
Onde não há mais dúvidas, amarguras e dor.
Amor... Amor... Eis-me aqui!
(SUELI CURRIEL)













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