sexta-feira, 9 de março de 2012

A LOBA SOLITÁRIA




Como é difícil definir alguns sentimentos que nos invadem, às vezes nas horas mais impróprias!
Como é complicado se autoanalisar e reconhecer seus próprios erros e limitações.
Hoje me olhei no espelho da verdade e tomei um susto. Era uma estranha que me fitava do outro lado do espelho. Alguém que eu não conhecia mas que estava ali, diante de mim, me questionando, me apontando um dedo acusador, me fazendo até mesmo ameaças.
Fiquei um momento aturdida, sacudi a cabeça e o momento passou. Era eu novamente, com a velha máscara de todos os dias, firmemente afivelada ao meu rosto.
Mas ficou aquela sensação pairando em minha mente. Uma sensação de ter descoberto um segredo muito sujo e escabroso.
Quem sou eu realmente?
Será que me enganei tanto tempo assim? Será que fugi tanto do conhecimento de mim mesma?
Onde estão e quais são os meus verdadeiros valores?
E por que uma face tão horrenda por baixo dessa máscara que insisto em usar?
Será que todos os seres humanos têm esse mesmo problema? Ou não se dão conta?
Eu só sei que aqui, dentro do mais profundo eu, mora uma loba solitária, sedenta de sangue e faminta pela caça. Uma predadora nata, violenta nos seus gestos e incontida nos seus desejos.
Mas, é claro, nunca deixo que ela venha completamente à superfície. Não, não. Ela assustaria e machucaria muita gente.
Mas, de vez em quando, eu permito que ela mostre suas garras e um ou outro acabam saindo arranhados e feridos.
Eu tento cultivar a doçura e a meiguice. Espero que isso ainda faça parte realmente da minha personalidade.
E que a velha loba solitária acabe morrendo de fome ou então, que se torne vegetariana e saiba conviver em harmonia com o resto da humanidade.
Mas enquanto isso não acontecer, prefiro deixá-la lá dentro, escondida até mesmo de mim.
Pode uivar o quanto quiser, menina má, aqui não há lugar para você.
Fique ai mesmo, recolha-se à sua insignificância, antes que tudo acabe mal pra nós duas.
E nem adianta implorar só porque é noite de lua cheia. Eu quero sossego, quero dormir em paz, sem carregar um peso na consciência de ter feito alguém sofrer.
Talvez você não saiba, mas a minha porção boa ama muito a humanidade, embora deteste alguns, em particular.
Mas é essa porção de amor, ainda embrionária, que me fará um dia cantar hinos com os anjos.
E que venha esse dia e que eu possa ser feliz!
(SUELI CURRIEL)

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